segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Energia feminina

 Foto: Divulgação


Com entrada franca, Terça Crônica celebra as crônicas de Maitê Proença  e as canções de Vinicius de Moraes

“Acordei, vesti um longo de paetê verde, preguei uns cílios postiços, enfiei uma peruca loira e fui à praia. Encontrei meu colega de smoking, à frente de um piano de cauda instalado na areia do mar. Cantei, cantei, e voltei pra casa ao pôr do sol. Estranha a profissão do ator. Eu finjo que sou a Maysa e você finge que acredita. Aí eu canto, choro, me angustio, e você ouve chora, se redime. Fazemos de cada lado nossas catarses, e com sorte nessa mão dupla, modificamos um pouco a própria vida.”

Dona de uma narrativa ágil, visual, fluída, Maitê Proença encontrou na linguagem livre da crônica uma forma de expressão que surpreende os fãs da atriz de carreira crescente e respeitada pelo público e pela crítica. Textos, como Vesti um longo e fui à praia, serão lidos pelo ator Jones de Abreu no oitavo módulo do projeto Terça Crônica, dia 4 de dezembro, às 20h, no Café com Letras (203 Sul), com entrada franca.
As leituras dramatizadas se revezam com as canções de Vinicius de Moraes, interpretadas ao violão por Alex Souza. O encontro terá ainda a presença da jornalista e apresentadora Márcia Witczac, que comentará sobre a vida e a obra de Maitê. “Será uma noite de forte energia feminina no ar. Afinal, o Poetinha mergulhava na natureza da mulher com sensibilidade de poucos. O interessante é espalhar a força das narrativas de Maitê”, observa Jones de Abreu, criador e apresentador do Terça Crônica, projeto da Criaturas Alaranjadas Cia. de Teatro.
Desde agosto, quinzenalmente, o Terça Crônica passeia por literatura, música, teatro e bate-papo, num projeto contemplado pelo edital Procultura de Incentivo a Pequenas Livrarias. Ao Café com Letras, tem levado um público eclético, fiel e crescente ao mezanino do Café com Letras. “A resposta dessa temporada tem sido maravilhosa. Toda sessão sorteamos livros e até fizemos um concurso para estimular à feitura de crônicas inéditas. Agora, na reta final, estamos em estado de êxtase com a vinda do cronista Affonso Romano de Sant´Anna, que encerra a programação no dia 18 de dezembro. Ele estará em carne, osso e poesia ao meu lado”, emociona-se Jones de Abreu, que abriu o projeto em 2008, no Teatro Goldoni, lendo crônicas de Affonso.    

Depois da temporada no Teatro Goldoni, Terça Crônica participou da Feira do Livro (2010) de Brasília e da I Bienal do Livro e da Leitura (2012), fazendo também itinerância pelas cidades de Ceilândia e Taguatinga, com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). O projeto se desdobrou ainda no Quinta Crônica (de 2008 a 2011) e no programa Canto das Letras, atualmente apresentado mensalmente na TV Câmara.


TERÇA CRÔNICA
Com Jones de Abreu e Alex de Souza. Crônicas de Maitê Proença e canções de Vinicius de Moraes. Participação: Márcia Witczak. Dia 4 de dezembro, terça-feira, às 20h, com entrada franca. Classificação indicativa: não recomendado para menores de 10 anos.






 





terça-feira, 20 de novembro de 2012

Crônicas com sabor de tutti-frutti

 Crônicas revelam um outro Falabella

Rita Lee é a compositora da noite




Diego Ponce de Leon
Correio Braziliense

         Miguel Falabella e Rita Lee são os protagonistas do sétimo módulo do Terça Crônica no Café com Letras (203 Sul). O que deve garantir uma das mais divertidas e animadas noites do projeto. Depois de evocar os textos de Luis Fernando Verissimo, Carlos Drummond de Andrade, Jovane Nunes, Clarice Lispector, Lya Luft e Nelson Rodrigues, o ator Jones de Abreu, idealizador do evento, convoca Falabella para quebrar o protocolo e decretar a informalidade da programação. O encontro acontece hoje, às 20h, no mezanino da livraria, com entrada franca (sujeita à lotação da casa).
 O multiartista carioca, que acumula exitosas funções como diretor, escritor, ator e apresentador, também enveredou pelas crônicas e ampliou os segmentos da arte com o qual dialoga. O resultado pode surpreender os leitores, acostumados com a faceta escrachada e com a predominância da comédia nas intervenções de Falabella. Textos delicados emergem e revelam um olhar particular e denso sobre o cotidiano e sobre as coisas mundanas. O humor e a ironia característicos continuam lá, mas cabe aos mais atentos percebê-los, já que permeiam somente as entrelinhas.
 Para acompanhar as leituras, a igualmente irreverente Rita Lee dá o tom, sob a voz e o dedilhar do músico Alex Souza, que participa do projeto desde a concepção, em 2008, e responde pelas trilhas sonoras. Clássicos da mãe do rock nacional devem embalar a leitura das narrativas de Falabella, resultando em um fervoroso encontro. “São dois artistas que exaltam a vida, as alegrias e as tristezas, sempre com humor e irreverência”, aponta Jones.


Casa cheia
 Seguindo o roteiro tradicional do Terça Crônica, um convidado dá as caras para propor uma conversa entre artistas, público e homenageados. O jornalista e dramaturgo Sérgio Maggio será incumbido dessa função no encontro de hoje. Maggio, ávido consumidor (e dissipador) de música e literatura, conduz um informal bate-papo entre os presentes, além de prestar testemunho pessoal sobre os homenageados.
 Com sessões lotadas tomando conta do Café com Letras (203 Sul), o ideal é chegar um pouco antes e garantir um lugar no mezanino do espaço. A Terça Crônica, que ocupa, de maneira itinerante, os palcos de Brasília há quatro anos, parece ter conquistado um público cativo: “Estamos felizes com a resposta do público. Temos espectadores cativos, que vêm todos os módulos”, destaca o ator, que reside na capital desde a infância. Hoje, com os argumentos literários de Falabella e a animosidade de Rita Lee, não deve ser diferente.

TRECHO//Crônica O amor e o tempo

“Descubro que nada sei sobre o tempo e, como não consigo entender seus intricados mecanismos, estou sempre lançando um olhar equivocado sobre as coisas. Alguém já disse que só seremos capazes de entender o amor no dia em que entendermos o tempo. Até lá, vamos continuar amando de ouvido, eternos repetentes desse curso”
Miguel Falabella


TERÇA CRÔNICA

Textos de Miguel Falabella e canções de Rita Lee, com Jones de Abreu e do músico Alex Souza. Participação: Sérgio Maggio, às 20h, no Café com Letras (203 Sul). Entrada franca. Classificação livre.




quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Miguel Falabella, o cronista

Crônica: Tempos verbais

Clarice Lispector diz que a palavra mais importante da língua portuguesa tem um som de letra: é. E ela tem razão. Não é preciso muito mais para definir-se o momento. É justo. Seco. Bom o bastante para o aqui e agora, sem os temores do será, ou a nostalgia do era que, com o passar dos anos, vai-se fortalecendo e embaralhando a noção de tempo. As rugas que vamos descobrindo na superfície são as pontas de profundos icebergs e, ao tentar mapeá-los, frequentemente, trocamos o é por sua forma no pretérito. Na maturidade, aquilo que era vai ganhando cada vez mais espaço, até que um dia cruzamos a tênue linha que delimita o tempo e avançamos sem medo na direção do passado.

As tempestades da alma, tão comuns na meia-idade, na verdade, são vislumbres do futuro e a bonança, que se segue a elas, sopra o vento das saudades sazonais, que chegam inexoráveis, instalam-se sem aviso prévio, tomam conta de tudo e não têm data marcada para a partida.


Nesses últimos dias, por exemplo, de baixas temperaturas em São Paulo, muitos ensaios e muita correria, o vento trouxe meu pai de volta. Talvez porque a última vez em que tenhamos ficado juntos foi nesse apartamento. Ele dormiu comigo e lembro que conversamos até às tantas; ele me contou novamente o meu nascimento, uma história que ele adorava repetir.

As crianças de olhos azuis nascem com os olhos muito claros e, por um momento, papai acreditou que eu fosse cego. Tio Olavo, que fazia todos os partos da família, dissipou-lhe os medos, mas a história, que ele me contou mais uma vez, na última vez em que estivemos juntos, valeu-me o apelido familiar de olho branco. Curiosamente, aquele homem que era o arquétipo do carioca da gema, que adorava andar de peito nu pela praia da infância, ficou para sempre guardado neste meu apartamento de concreto, que hoje resolveu engolir a noite gelada e sem estrelas.

A cama e o colchão ainda são os mesmos. Eu tento adivinhar-lhe a forma, ao meu lado, naquela noite de alguns anos atrás. Ele ficou viúvo muito cedo e nunca conseguiu superar a perda do amor da sua vida. Foram essas as suas palavras, no corredor do hospital, quando mamãe avançou decidida para o passado. Nunca mais pensou nas coisas do amor, mas, como ainda era jovem, nós fizemos de tudo para que ele se interessasse por alguém. Finalmente, ele arranjou uma namorada e manteve com ela um relacionamento por alguns anos. Um dia, ele almoçava comigo e falávamos dela, quando eu perguntei, assim como quem não quer nada, se ele estava feliz, se gostava daquilo que estava vivendo.

- Você gosta dela, pai? - eu perguntei, atrás da intimidade que, hoje eu sei, tanto eu quanto ele buscamos desesperadamente um no outro.

Papai me olhou, surpreso com a objetividade da minha pergunta, e respondeu sem alterar o tom.

- Ela me dá lanche - ele disse, e deu o assunto por encerrado.

A resposta lacônica virou piada entre os irmãos, mas hoje, escrevendo nessa noite cada vez mais fria, eu entendo a justeza daquela frase. Ela me dá lanche é apenas mais uma tradução do é de Clarice que abriu a crônica. Simples e definitivo. Como a saudade é.

Revista Isto É - 17/06/09

Abraços!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Flores Astrais




Terça Crônica exalta a escrita de Miguel Falabella e as canções de Rita Lee


Miguel Falabella é um furacão. Escreve, atua, dirige e produz para diversas linguagens, sobretudo, teatro e televisão. É sempre possível encontrá-lo em ação em várias criações simultâneas. Showman, dizem que desfia os minutos da vida para transformar ideias em arte.  Há, no entanto, uma faceta do artista que flerta com o outro movimento de vida: o da observação cotidiana. É como cronista que Miguel Falabella aguça o olhar sobre o mundo vertiginoso.
— Descubro que nada sei sobre o tempo e, como não consigo entender seus intricados mecanismos, estou sempre lançando um olhar equivocado sobre as coisas. Alguém já disse que só seremos capazes de entender o amor no dia em que entendermos o tempo. Até lá, vamos continuar amando de ouvido, eternos repetentes desse curso, escreve o autor, na delicada crônica “O amor e o tempo”.

       O lado B de Miguel Falabella é mote do sétimo módulo do Terça Crônica, do dia 20 de novembro (terça-feira), às 20h, no Café com Letras (203 Sul), com entrada franca. Jones de Abreu vai dramatizar narrativas do autor numa noite ladeada pelas canções de Rita Lee, interpretadas pelo músico Alex Souza. “São dois artistas que exaltam a vida, as alegrias e as tristezas, sempre com humor e irreverência”, aponta Jones, criador do projeto da Criaturas Alaranjadas Cia. De Teatro.
Num clima descontraído de talk-show, a dupla recebe o jornalista, escritor e dramaturgo Sérgio Maggio e, juntos, vão exaltar a linguagem, a vida e a obra dos homenageados. Realizado desde agosto no Café com Letras, graças ao edital Procultura de Incentivo a Pequenas Livrarias (Ministério da Cultura), o projeto Terça Crônica tem movimentado o mezanino do espaço com noite dedicada ao prazer da literatura, da música e do conhecimento. “Estamos felizes com a resposta do público. Temos espectadores cativos, que vêm todos os módulos”, destaca Jones.

TERÇA CRÔNICA
LEITURA DE CRÔNICAS DE MIGUEL FALABELLA E INTERPRETAÇÃO DE CANÇÕES DE RITA LEE. COM JONES DE ABREU E ALEX SOUZA. PARTICIPAÇÃO: SÉRGIO MAGGIO. DIA 20 DE JANEIRO, ÀS 20H, NO CAFÉ COM LETRAS (203 SUL). ENTRADA FRANCA. CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA LIVRE.



terça-feira, 6 de novembro de 2012

A vez de Lya Luft e Tim Maia



MARIANA MOREIRA

É provável que Lya Luft e Tim Maia jamais tenham cruzado seus caminhos artísticos. Mas, cada um à sua maneira, ambos tinham os pés fincados no inconformismo e na quebra de padrões. A menina gaúcha que detestava bordar e cozinhar sempre viveu às voltas com os livros. Usa, até hoje, sua prosa delicada e forte para refletir sobre sutilezas, os conflitos, o lado de dentro.
Já o carioca Sebastião Rodrigues Maia transformou-se em um dos maiores ídolos da música brasileira, ao quebrar com a estética arrumadinha da jovem guarda, soltando seu vozeirão influenciado pelo soul, e dando vazão a diferentes vertentes musicais: a romântica, a internacional, a de influência religiosa, na fase Racional. Hoje, os dois filhos do mês de setembro (Lya nasceu no dia 15 e Tim é do dia 28) dividem a homenagem promovida pelo Terça Crônica, programa que mistura música, literatura e bate-papo, a partir de 20h, no Café com Letras (203 Sul).
A sabedoria feminina de Lya, que acaba de lançar romance novo, O tigre na sombra, será defendida pela convidada da noite, a poetisa Isolda Marinho. “Me identifico com a escrita dela, que é simples e cheia de densidade. Essa dualidade me inspira muito. Assim como ela, percebo que tenho pontos de luz, com sombras no caminho”, destaca ela. Um dos temas recorrentes é a relação homem/mulher. “A Lya convoca as mulheres a prestarem mais atenção nos homens, tem uma visão positiva do masculino”, afirma.
As crônicas e histórias de Lya, escritora, poetisa, tradutora e acadêmica, serão entremeadas por muita música. A verve escrachada de Tim dará a tônica da noite, com músicas que passeiam por diferentes fases, que vão da melancolia amorosa de Você, Azul da cor do mar, É primavera, ao groove de Guiné Bissau, Moçambique e Angola, além de Imunização racional. “Tim era uma crônica viva. Quem começa a pesquisar a vida dele, começa a se apaixonar até pelas presepadas dele”, destaca o violonista Alex de Souza, curador musical do projeto, que também preparou histórias curiosas sobre a vida e a música do eterno síndico para compartilhar com a plateia.
A seleção de textos ficará a cargo do também curador, Jones de Abreu, responsável pelas leituras dramáticas do Terça crônica. “Me guio muito perla forma como o texto cai na minha boca, tem que ter uma certa teatralidade”, afirma, adiantando que, diante de um extenso levantamento, a escolha de quais obras serão lidas é feita pouco antes do evento. “Lya é muito cotidiana, tem uma literatura pessoal e feminina. Ela vai tocar as mulheres presentes com muito humor”, adianta.


Próxima
rodada

O projeto nasceu em 2008, no Teatro Goldoni e já ganhou até versão televisiva. Canto das letras é apresentado mensalmente na TV Câmara. A edição seguinte do Terça Crônica já tem data e atrações definidas: em 20 de novembro, as crônicas homenageadas serão do ator, diretor e dramaturgo Miguel Falabella, e as canções, de Rita Lee.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A crônica urgente de Lya Luft dia 6/11




Homenageada no Terça Crõnica do dia 6/11, às 20h, no Café com Letras, Lya Luft volta à ficção, a autora aborda o drama existencial humano em um universo onírico
Título: O tigre na sombra
Autor: Lya Luft
Páginas: 128
Preço: R$ 29,90
Com mais de 1,2 milhão de livros vendidos, Lya Luft, que conquistou os leitores com suas crônicas filosóficas sobre a vida e seus mistérios, retorna à ficção com seu novo romance, 13 anos depois de lançar O ponto cego. Autora do sucesso editorial Perdas & ganhos (2003), que permaneceu 113 semanas no topo das listas de mais vendidos, sua última incursão pela ficção foi com o livro de contos O silêncio dos amantes, de 2008, adaptado com sucesso para o teatro. Neste impactante O tigre na sombra, Lya cria de maneira surpreendente um universo de mistério, magia e dramas humanos muito reais, com os quais todo leitor é capaz de se identificar e se emocionar. Apresentando personagens marcantes e um final completamente inesperado, a veterana autora consegue aqui se renovar, mantendo intacta sua magistral capacidade de contar histórias.

Lançamentos:

Porto Alegre: 7 de novembro, quarta-feira, às 19h, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country
Rio de Janeiro: 13 de novembro, terça-feira, às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon (bate-papo e autógrafos)
Belo Horizonte: 27 de novembro, terça-feira, às 19h30, no Auditório da CEMIG
São Paulo: 28 de novembro, quarta-feira, às 19h, no Teatro da Folha (Shopping Pátio Higienópolis - bate-papo e autógrafos)