terça-feira, 11 de setembro de 2012

O anjo pornográfico e o rei do baião


Diego Ponce de Leon
Especial para o Correio

À primeira vista, o casamento entre Luiz Gonzaga e Nelson Rodrigues pode soar fadado ao divórcio. Mas, um olhar mais apurado revela algumas afinidades. Exatos cem anos atrás, os dois nasciam no mesmo estado: Pernambuco. Embora poucos saibam, o fluminense (de alma e torcida) Nelson nasceu em Recife. Os centenários (ambos completados em agosto) são o ponto de partida da segunda Terça Crônica, que ocorre hoje, no Café com Letras (203 Sul), em homenagem aos dois mestres da cultura brasileira.
Como sempre, leituras cênicas irão interagir com canções. Entre uma crônica e uma música, algumas intervenções provocam um descontraído papo com os artistas e Rosualdo Rodrigues, jornalista convidado. “A importância do Nelson para o teatro e o estilo crônico das letras de Gonzaga são alguns dos tópicos dessas conversas, sempre produtivas”, revelou Jones de Abreu, ator e idealizador do projeto. Jones, que fará a leitura dramática do universo rodriguiano, prepara um repertório especial para a noite e antecipa que “os textos de A vida como ela é e as crônicas publicadas em jornal, são as principais fontes”. O ator está bem familiarizado com a obra do anjo pornográfico. Dois anos atrás encarnou o próprio, na montagem sobre o cronista e dramaturgo no projeto Mitos do Teatro Brasileiro, no CCBB. Ainda assim, o público que comparecer poderá testemunhar a primeira vez que o ator encara um texto escrito por Nelson. “Sempre me preparo. Podem esperar um Jones bem alerta”, avisou.

A vida de viajante do rei do baião inspirou o músico Alex de Souza. A saída da terra natal e a chegada ao Rio de Janeiro, como representante autêntico da cultura nordestina, é a imagem que ajudou o violonista a selecionar as canções para a apresentação de logo mais. Alex faz questão de destacar o ritmo literário das composições de Gonzagão: “Ele era um cronista popular. Sempre retratando o cotidiano da época”, disse.
O músico participa desse consolidado projeto de Brasília, que promove o encontro informal e interativo entre música e literatura, desde a concepção, em 2008, quando Jones de Abreu o criou. Os encontros quinzenais do Terça Crônica, seguem até dezembro, sempre com diferentes cronistas e músicos homenageados. Nesta terça, Asa Branca pousa no asfalto de Nelson e Dorotéia vai visitar a Juazeiro de Luiz Gonzaga.


Terça Crônica
Hoje, a partir de 20h
No Café com Letras (203 Sul)
Entrada franca.
Classificação indicativa livre.




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